segunda-feira, 28 de maio de 2012

A voz do útero

Uma coisa que sinto é que a voz do útero é a voz do amor. Ele se contorce porque ainda estamos amarradas e aprisionadas. Os tempos atuais são outros, o feminismo abriu caminho às avessas e usamos a força do masculino adoecido o tempo todo: a dureza, a negação da emoção, do afeto, a luta pelo poder, fechamos os nossos corações. O mesmo sofrimento impingido, passamos a impingir. Para mim este o grande equívoco do movimento, não digo que não tenha sido necessário pois só assim ela pode sentir sua autonomia e sua independência. A luta pela igualdade é necessária, pois é necessário este ambiente para que o amor e consequentemente o respeito floresça. Foi e ainda é um movimento importante de conscientização para que as mulheres ganhem autonomia interna, independência, maturidade, sair da condição de criança carente , do vitimismo, do parasitismo. Tudo isso, banhado pela consciência amorosa para consigo mesma. No meu sentir sem essa consciência não há transformação possível. Abertura para amar, deixar a voz do coração falar. Quando há muito medo não há amor. E essa para mim é toda a dor do feminino. Porém, o momento é de retorno as nossas essências, e é por isso que as mulheres estão tão cansadas, pois elas precisam de sua força essencial, de seu amor de volta! As mulheres confusas e por isso cindidas ( entre a santa e a puta) não reconhecem a supremacia do amor que brota do seu ser. Esta é a sua finalidade última. É a questão de sua energia, é a função de sua essência. Sinto que há um aprisionamento deste útero que quer amar e não sabe porque se aprisiona em sua própria dor, não vê saídas, não vê perspectivas, se vê algemada o tempo todo. Vê que o mundo ainda lhe submete, a constrange por toda essa história que já conhecemos. Será que não está na hora de olharmos para este corpo de dor e fazer um ritual de despedida? De limpeza, de cura? Não conseguimos ser inteiras porque o corpo de dor vive nos remetendo a essas injustiças que recebemos, tal qual uma criança carente, que não aceita mas também não se mexe, só reclama e continua a se submeter. Amar é essencialmente a nossa função. Não é ser boazinha é ser boa. Não é ser passiva, é ser consciente de seus movimentos e quando deve fazê-los. É ter voz. É alcançar a nossa SABEDORIA perdida por entre vários opiniões, teorias e etc... É reconhecer e nos apropriar inteiramente de nosso poder. Já está na hora ao meu ver da força se expandir, não é lutar é amar. Lutas e guerras não é da ordem do feminino. O feminino quer lembrar a mulher de como é amar e devemos nos amar para poder curar o que nos cerca de ignorância e temor, dentro e fora de nós. Consciência sim, de nossa história antropológica e de nossa força espiritual pois precisamos nos libertar emocionalmente e mentalmente para sermos verdadeiramente LIVRES. Precisamos SER ESTA MULHER, que deixa a voz do útero falar, ainda estamos profundamente condicionadas as nossas dores. Uma coisa é ter consciência delas, outra coisa é tê-las como "armas" de proteção ou mesmo no uso de vinganças veladas ou não. Livrai-nos oh Mãe dessa dor que a mulher acaba cultivando em si! Para além de todas as pressões que ainda sentimos e vivemos, devemos seguir sem medo a mensagem da rosa, a essência do feminino em sua leveza, pureza, em seu aroma, em sua beleza, no amor que espalha e de seus espinhos que revelam que ela não é frágil e nem tampouco desprotegida. É consciente de sua força, beleza , sabedoria e dignidade! Rosa Barros

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